Tem uma cigarra no meu ouvido….

Há meses que um sonzinho vinha me irritando, um zumbido semelhante ao da cigarra. Mas, distraída que sou, sempre achei que era o som do encanamento, do computador, da rua, qualquer coisa do gênero.

Até que eu, na hora de dormir e irritada, comentei com o Kam se o barulho não o incomodava.”Que barulho??? Não sei do que você está falando…”

Ai pronto, já achei que tava ficando doida, com alucinações auditivas. Fiz um teste e tampei o ouvido. E a cigarra continuava cantando lá dentro.

Vira pra cá, vira pra lá e nada de diminuir o som. No silêncio, ele fica ainda mais alto.

Fui pesquisar. Gato escaldado, sabe como é, já que eu tenho deficiência auditiva e não quero comprometar o que eu tenho.

Tinnitus.

Já ouviu? Eu não. Caracteriza-se pelo zumbido constante no ouvido. Pode ser o som de uma cachoeira, uma cigarra, um grilo, martelada, qualquer coisa. Mas não vai embora. Dá pra camuflar com algum outro som, baixinho, que ajude a mudar o foco de atenção, mas está sempre lá. Pode ser causado por som muito alto (sabe aquele zumbido de quando a gente sai de um ambiente muito barulhento), perda auditiva, infecção ou não ter causa definida (perfeito!)

Semana que vem vou na médica ver isso. Mas que é uma dor-de-cabeça, isto é. Principalmente na hora de dormir. A expressão “durma com um barulho destes” ganhou um novo significado pra mim.

Crônicas Cotidianas

Você sabe que tá na hora de dormir, mas quem disse que o corpo deixa? São 11h30 da noite já e você pensa no caco que vai estar de manhã. Resolve ficar na Internet um pouco pra ver se pega no sono (era pra ser a versão de “ler pra pegar no sono” ou “ver TV pra pegar no sono”), mas é claro, quem disse que Internet dá sono?

Quando você vê já são 3 da manhã e você tem que levantar às 6h30. Fica pensando se já não é melhor emendar tudo e aí até aproveita pra ir pra academia de manhã. Se bem que pra ir pra academia de manhã eu devo estar doida, mas isso é outra estória.

Levanta, vai escovar os dentes e quando vê as olheiras ocupando o rosto todo, já imagina o tanto de maquiagem que vai ter de usar pra ir pro trabalho. Eu, com aquelas olheiras de quem tá há uma semana sem dormir? Mas nem morta! Me dá aquela base pro rosto, faz favor!

Ai você volta pra desligar o computar e é óbvio que no segundo em que você clica desligar, você lembra de alguma coisa importantíssima que era pra ter feito e não fez. Aliás, esta coisa importantíssima era o principal motivo de você ter ligado o computador na tarde anterior. E 12hrs depois, de tão importante que era, você esqueceu, claro.

Suspira como quem não quer mais saber e dane-se, amanhã (ou hoje?) você resolve o que faz. Na cama, o marido se apossou do lençol todo e como nossa cama é pequeninha, até tem desculpa. Então você lembra que pequena era a anterior, esta é queen size, ocupa o quarto todo e te obriga a passar de lado entre a cama e o gaveteiro, de tão grande é o quarto.

Você finalmente consegue seus 10cm. de lençol e seu cachorro te olha como quem não dorme na cama há meses. Onde já se viu dormir no chão, com colcha, travesseiro, osso de pelúcia (e mais uns trocentos trecos embaixo da cama) e com um carpete quente? Nada disso, a cama é muito melhor.

Com dó, você não resiste àquele olhar de gato-de-botas-pidão e pôe ele na cama. No mesmo segundo você se arrepende mas não dá pra voltar atrás. O cachorro resolve que o melhor lugar da cama é o seu travesseiro. Você bota ele ao seu lado, deita e ai ele resolve que o segundo melhor lugar é o seu travesseiro, em cima da sua cabeça.

Você respira fundo, conta até dez, evita olhar no rádio-relógio, pega o cachorro de novo, e pôe ele do outro lado da cama. E ele volta pra se instalar ao seu lado. Com o rabo peludo bem no seu nariz. Você abre o olho com cuidado pra ser ser atingido pelo pêlo dele. Pacientemente empurra ele pro lado do marido e vira pro outro lado. Solidário ao seu sono, ele resolve finalmente ir pro outro lado da cama, pra se instalar no seu pé e não te deixar se mexer.

Você faz uma anotação mental de não deixá-lo mais dormir na cama, embora sabendo que vai esquecer e mudar de idéia no dia seguinte ao vê-lo se sentir o rei da casa em cima da sua colcha novinha.  Sair de lá? Só se for pra passear ou pra comer. Acho que quero ser ele na próxima vida.

Neste exercício, já são quase 4 e você resolve que dormir 2 horas ainda é melhor que não dormir. Então apaga o abajur, liga o alarme do celular com aquela música do Jaspion quase nada calma e morre até o dia seguinte (ou seja, duas horas depois). Você evita acordar até o último segundo, mas como não tem mais jeito abre o olho. Um de cada vez, porque abrir os dois juntos ninguém merece.

E vai pra mais um dia se odiando por ter ido dormir tão tarde, e prometendo a si mesma que não vai dormir tão tarde assim nunca mais. Yeah, right.