16 de dezembro de 2008, 5:17 da manhã

Valentina chegou.

Uns imprevistos no meio do caminho mas, depois de 15 horas de trabalho de parto, uma menininha de olhos lindos chegou. Chorando muito, pedindo colo, tentando entender o que estava acontecendo.

Muita gente ligou, escreveu, mandou mensagens, querendo saber de você, que dormiu o dia todo. Também, depois de tanto trabalho, precisa, né?

A primeira noite foi difícil. Não sabíamos porque você chorava tanto. Tentamos embalar, sem resultado. Até percebemos uma fralda molhada. Como que não vimos isto antes? No mesmo instante que trocamos, você ficou quietinha e dormiu.

Ficamos uns dias a mais no hospital pra nos conhecer melhor. Estamos com um pouco de dificuldade com a amamentação e, com a ajuda super providencial e maravilhosa das enfermeiras, estamos começando a entrar nos eixos.

Chegamos em casa na 5a. feira à noite. Muito frio e neve. Você escolheu a semana mais fria do ano pra chegar. Deve ter pensado: “hum, já que sou canadense e vou nascer no inverno, que pelo menos seja um inverno de verdade, né?”.

O Eithor te estranhou um pouco no começo. Na verdade, ele te cheirou e saiu correndo. E me ignorou por uns dois dias. Hoje, ao primeiro sinal de choro, ele vai ao seu lado ver o que está acontecendo. Quando você está tomando o seu leite, ele fica sentado ao lado da poltrona, como se quisesse te proteger.

Seu pai está fascinado por você e se sente como se tivesse ganhado na loteria, apesar do cocô que você fez no shorts dele. Claro que ri muito, pois sei que isso ainda vai acontecer muitas outras vezes.

As primeiras noites em casa foram complicadas pois não consegui te deixar naquele berço imenso e ir para o meu quarto. No sábado, compramos uma caminha para colocar na nossa cama, assim você dorme conosco e a gente dorme bem.

Hoje você fez 1 semana de vida e tem se mostrado um bebê muito calmo. Adora dormir (como eu, claro!), come bem e chora pela fralda, pelo frio/calor e de fome. Adora ficar deitada na minha barriga e dormir lá mesmo. E quem disse que eu tenho coragem de te tirar de lá, vendo a sua carinha feliz dormindo?

Quando você está acordada, nosso principal passatempo é descobrir qual a cor do seu olho. Parece um azul bem escuro, meio cinza. Dependendo da luz, fica verde ou castanho. Acho que você vai ter olhos castanhos, mas quem sabe?

A sua avó está chegando daqui a pouco. Você é nosso presente de natal, o melhor que já poderia ter ganhado. Ela está super ansiosa pra chegar e te conhecer, mas já te ama desde o primeiro minuto.

Bem-vinda, Valentina. Você tem um mundo a descobrir.

Valentina

38 semanas e um ligeiro desvio de rota

Começando do começo:

Em novembro, começamos a ver um seguro de vida aqui. Como é de praxe com a maioria das companhias, tivemos que fazer exames médicos. Até aí, ok, né?
Bem, semana retrasada recebi uma cartinha deles, dizendo que “obrigado, mas não podemos te aceitar agora” e o resultado dos exames. Aparentemente há uma alteração nas enzimas do fígado, que pode ou não, ser relacionada à gravidez. Bom, dia seguinte, na 3a.,  levei os exames pra minha midwife, que na mesma hora soltou a antena.

Ela pediu outro exame de sangue pra confirmar os números, que fiz no mesmo dia. Na 3a. feira à noite, ela me liga pra dizer que, sim, os números continuam iguais e que é para eu ir no hospital na 5a. feira, fazer monitoramento fetal (cardiotoco). Cheguei lá, fiz o monitoramento, ela estava lá, pediu mais uma montanha de exames pra eu fazer a cada dois dias, e marcou ultrassom pra 6a. feira passada. Fui no laboratório na 5a., no sábado e na 2a. feira. Na 3a. tinha prenatal, então ok.

Fiz outro monitoramento, que também tava ok, e a obstetra começou a falar da necessidade de indução, caso o problema no fígado seja relacionado, embora ela achasse muito improvável, pois vêm junto outros sintomas (hipertensão, edemas, dor-de-cabeça forte, etc) e eu não tenho nada.

Bom, na 6a. feira (ontem) fiz o tal do ultrassom. O que era pra levar 20 minutos, levou mais de 1 hora. A técnica ficava medindo 10 vezes alguns números e, claro, sem me explicar. Acabada a ultra ainda tive que esperar pelo relatório pra levar pro obstetra no andar de cima. A curiosa aqui abriu, obviamente, e não dizia nada de mais, aparentemente.

Levei pra OB, que pediu pra eu fazer outro monitoramento (é, mais um!!). Daqui a pouco vem a enfermeira tirar pressão, medir temperatura e eu, já com aquela cara de “qq acontece?”. O OB veio explicar que o fígado não tá tão complicado quanto parecia e que um especialista iria me ver no mesmo dia.

Porém, a ultra mostrou também que o líquido amniótico está baixo e a placenta não tá funcionando como deveria. Que o quadro apresentado é visto normalmente quando já passou da data prevista, 1 semana, 10 dias. E no meu caso, ainda tem 2 semanas pra chegar lá. Explicou que vou ter que fazer monitoramento todos os dias e começar a pensar em indução. Mas primeiro, ele queria ver o especialista do fígado pra decidir o que fazer.

Bom, cheguei no hospital às 10 pra ultra e, àquela altura já eram 2 da tarde. Liguei pro Kam pra ele ir me encontrar lá no hospital. Uma enfermeira maravilhosa lembrou que eu ainda não havia comido nada e arranjou um almoço pra mim :-).

O tal do especialista veio, fez um monte de perguntas, saiu. Voltou com a chefe e mais 5 médicos, que também trocentas outras perguntas, pediu OUTRO exame de sangue, que deu na mesma e quer que eu ligue pra ela após a Valentina nascer, pra marcar uma consulta, já que só assim tem como excluir a gravidez como causa do problema. E deixou pedido pra mais um exame de sangue (a esta altura, imagina o meu braço…).

Tá, ok.

Daqui a pouco chega a minha midwife, que o OB chamou. Ela olhou os exames, concordou com ele e avisou. Indução na 2a. feira, se tiver lugar na maternidade. Enquanto isso, continua o monitoramento…..

Agora, imagina a minha cara. Totalmente despreparada pra isso…. fisiologicamente, eu tô. Valentina tá encaixada, estou com 2cm de dilatação, quer dizer, neste ponto tá ok. Mas emocionalmente, tô morrendo de medo. Já avisei a minha mãe e alguns dos meus amigos aqui.

A idéia do trabalho de parto, ao meu ver, é te preparar, começa com as dores, a bolsa, tampão, etc, tudo gradual. Mas numa indução, não dá pra saber, né?

Ai ai. Mas sim, eu posto aqui se for pra indução na 2a., na 3a, etc….

E dona Valentina vai chegar no frio! Aqui tá com sensação térmica de -6C hoje…

O carro, o carrinho e o car seat – 37 semanas

Ontem fomos no BCAA checar o car seat (eles fazem car seat inspection clinics, só marcar horário e é de graça).

Qual não foi a surpresa ao descobrirmos que o nosso car seat não serve pro carro??
A alça do bebe-conforto (é isso em português, né?) é muito grande, e pra deixá-la travada na posição baixa, os bancos têm que ir totalmente pra frente. Eu, que tenho esse monte de perna (no alto dos meus 1.59m), quase não consegui entrar no carro (desconta a barriga!!)….

A gente comprou o travel system da evenflo em julho, ou seja séculos atrás. Hoje lá fomos pra Sears pra chorar pra tentar trocar, já que os 90 dias tinham passado há muito tempo e nem caixa tínhamos mais.

Não é que a moça abriu uma exceção?
Mesmo sem caixa nem nada. Ela viu a barriga e acreditou quando dissemos que nunca tínhamos usado o stroler, nada (tinha até o plástico na alça)….
Chequei os da Graco, que a mulher do BCAA sugeriu e escolhi o rosa . Chegando no caixa pra fazer a troca, descobrimos que esse, além de mais bonito, mais leve, mais prático, é ainda por cima, mais barato! Ganhamos $65 de reembolso….

Pra quem já tava pesquisando preços de um novo travel system, até que foi uma boa troca, né?

Portanto, fica a dicas para as (futuras) mamães: cheeeeequem quando for comprar o car seat. Testem no carro, levem em um car seat clinic. ANTES DO TÉRMINO DA GARANTIA, claro!